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5 DISCOS #3

 

A série 5 DISCOS é uma forma de apresentar ao público alguns álbuns e compactos que foram considerados dignos de nota pela edição do Road To Cydonia.

Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais trabalhos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre lançamentos que têm dado as caras no nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à terceira edição:

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NEGATIVE MANTRAS EP (Negative Mantras, 2014)

Pequena pérola que orbita na rede há alguns anos, este primeiro EP do Negative Mantras serve como um ótimo cartão de visitas para a sonoridade viajandona e densa desse projeto experimental. Produzido pelo próprio duo no Mono Mono Studio e contando com cinco faixas que se estendem por 25 minutos de duração (configurando-o quase como um mini-álbum), esse primeiro registro se revela particularmente bem-sucedido em revelar a versatilidade e o talento de seus autores em misturar batidas, instrumentos, efeitos e texturas peculiares para montar climas sonoros radicalmente diferentes entre si, mas homogeneamente imersivos (nesse aspecto, vale frisar a carro-chefe Pineal, Gayo Seco e a magnética Claridão).

Agradável e estimulante em iguais medidas (imagine algo próximo do conceito de Pop Esquizofrênico), Negative Mantras EP é o tipo de trabalho de estreia que não apenas abre as percepções acerca do que é possível fazer com uma concepção coesa como ainda apresenta um projeto sólido e extremamente gratificante em suas idiossincrasias. Vale a pena conferir.



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RED EP (Seamus, 2013)

Último registro de estúdio do grupo paulista Seamus, o potente Red EP é um curto e eficiente testamento da força de seu rock n’ roll. Ancorado no vocal eficientemente discreto de Fernando Lalli e contando com quatro músicas que abarcam pouco mais de 18 minutos de duração e alguns candidatos a hits (Red e Ambush in the Night), o EP é um trabalho descompromissado e feito com apuro onde ideologias e posturas formatadas são abdicadas em função de uma sonoridade simples e direta. Boa pedida para quem curte rock com uma pegada oitentista.



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UM EP (Mawn, 2015)

Ok, a inclusão deste trabalho na lista pode soar como um cheat por ter sido feito na Alemanha, mas isso é um mero detalhe. O que importa é que este projeto da incomparável Sabine Holler não apenas reforça algo que já sabemos sobre sua autora (que a jovem paulistana é um poço de criatividade e tem uma habilidade para montar projetos paralelos comparável apenas à de Liege Milk e Larissa Conforto) como ainda apresenta uma nova faceta de sua musicalidade, indo fundo em sua inclinação para desenvolver sonoridades viajantes e imersivas.

Realizado ao lado de Bjorn Eichhorn, o primeiro EP do Mawn atrai tanto por sua proposta minimalista quanto por seu caráter introspectivo, trazendo cinco faixas compassadas (vide Symmetry, Sulfur e Barren Fruits) que se desenvolvem com calma e se ancoram nos arranjos econômicos e na voz suave de Holler (que também escreveu todas as letras aqui contidas). E, ainda que seu clima possa afastar algumas pessoas, o fato é que Um EP tem elegância e resolução de sobra para manter o interesse neste projeto promissor. Recomendado para aqueles que desejam viajar num som denso que se assemelha a uma mistura inusitada de Massive Attack e Björk com ecos de Radiohead.



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MOUSEEN (Jovem Palerosi, 2014)

Trabalhos instrumentais não são estranhos às páginas do RTC, e isso não é nenhuma novidade. No entanto, é raro que recomendemos algum exemplar do gênero que não saibamos destrinchar e interpretar de uma forma mais precisa, como ocorre com esse interessante Mouseen. Estranho e digressivo, o disco do Jovem Palerosi soa como uma colagem de impressões sonoras que acabam se misturando em meio a inúmeras influências e uma pluralidade de elementos dissonantes que criam paisagens sonoras evocativas (vide Sou Toda Nanuk, Hiperlúdio e Deuses Mutados), lineares e confusas. Enfim, não dá pra explicar direito, mas vale a pena escutar.



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O DESDOBRAMENTO DE UMA FÉ DESACREDITADA (Fragile Arm, 2010)

Fruto da parceria entre Filipe Miu e Sabine Holler (sim, ela novamente), o segundo EP do Fragile Arm pode ser definido como uma versão sonora e emotiva de um filme de David Lynch: É estranho, perturbador e por vezes confuso, mas sempre hipnótico e inegavelmente marcante. Com cinco faixas que mesclam instrumentais elegantemente econômicos com letras poéticas e vocais sensacionais que beiram a esquizofrenia, O Desdobramento de uma Fé Desacreditada é o tipo de trabalho que constrói uma forte impressão através de variações bombásticas que vão da dissociação (Encarando o Teto) à catarse (a sufocante Ahquaseesqueci) com segurança absoluta, ainda passando pela solenidade (Precipitações e Vai Assim Mesmo) e por um sentimento de pura resignação (O Excesso De Todas As Outras Coisas Que Não Deveriam Estar Nesse Quarto) em curtíssimos 16 minutos.

Denso, intenso e surpreendentemente edificante, O Desdobramento de uma Fé Desacreditada é o tipo de trabalho sucinto e complexo que cresce a cada visita e que põe à prova o talento de seus autores, sendo também uma das maiores pérolas experimentais já resenhadas no Cydonia. Obrigatório para quem não tem medo de Música.



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Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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