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Resenha: INVERNO EP (Léo Norbim, 2021)

 

Em seu compacto de estreia, o cantor e compositor LÉO NORBIM dá um panorama nítido de sua sonoridade e senso de identidade artística de maneira leve e imensamente sensível, apresentando um cartão de visitas de otimismo e doçura irresistíveis com o belíssimo INVERNO.


Mais conhecido por sua longa e prolífica carreira como músico de apoio e colaborador de nomes como Armandinho, Macucos, Tati Portella, Toninho Horta, Zeider (Planta & Raiz), entre outros, Léo Norbim é uma figura maravilhosamente cativante: Dono de uma persona afável, apresentação singela e estética reconfortante, o cantor e compositor capixaba vem desenvolvendo sua carreira-solo em ritmo compassado ao longo dos últimos cinco anos, tendo lançado um apanhado de singles (incluindo os ótimos Seja Feliz e Tá Bem) que registram sua sonoridade folk de ares popescos e mescla poética de leveza e profundidade com competência.


Agora, Norbim dá um salto à frente substancial em sua carreira com este INVERNO, compacto que não apenas dá contorno à sua voz artística com sensibilidade notável e conceito sólido, como se mostra um trabalho incrivelmente universal que surge como uma ode à auto-aceitação de contundência e verdade irrefutáveis.

 

Produzido por Rodolfo Simor na seclusão do Estúdio Bravo nas montanhas capixabas, este compacto imediatamente impacta por conta de seu caráter esperançoso e espírito inabalavelmente afetuoso: Trazendo quatro canções e um interlúdio (Solstício) que abarcam curtos 15 minutos de duração, Inverno é um registro construído sobre uma série de reflexões identitárias e afetivas que trazem uma mistura profundamente inspiradora de espirituosidade, gratidão e carinho em cada um de seus versos. Refinando a textura folkesca do som de Norbim com maior desenvoltura e senso de precisão, o EP cria uma paisagem que se situa entre a melancolia de Rubel e a vivacidade despojada de Sondre Lerche, criando a base sonora perfeita para que as letras intensamente contemplativas de seu autor sejam emanadas com um equilíbrio delicado entre a coloquialidade e a intimidade.



Da magnífica faixa de abertura (Depois das 10 Am, um hino à rotina que merece virar hit radiofônico) até seu fechamento (a comovente Bia), Inverno também é um trabalho repleto de contrastes, criando volumes de contraposição tanto entre seu espírito reflexivo e otimismo contagiante quanto em suas temáticas universais, as quais são evocadas de maneira cristalinamente clara, mesmo que vistas a partir de experiências bem específicas de seu autor. E não há faixa aqui que deixe esta qualidade mais visível do que a própria faixa-título, que encapsula todo o conceito do compacto de maneira fantástica.



 

Realizado a quatro mãos, este EP também serve como mais uma prova das habilidades musicais de seu autor e produtor, como não poderia deixar de ser: Enquanto Simor segue um caminho muito mais austero que o habitual ao investir em arranjos enxutos e mais tradicionais (ainda que tenha deixado um belo dum solo na faixa-título), Norbim reitera seu talento como multi-instrumentista (especialmente enquanto violonista), como também seu senso de conforto e consciência das dimensões de seu trabalho. E aqui vale ressaltar Ela, faixa da segunda metade do compacto que segue um senso de momentum interessante dentro de sua dedicatória amorosa.




Incrivelmente delicado, habilmente realizado e viciante, Inverno é um compacto edificante e de sensibilidade insuspeita que não apenas consolida a carreira-solo de seu autor, como já atesta categoricamente seu diferencial dentre seus pares. É um trabalho evidentemente feito com amor que merece ser ouvido no repeat enquanto aguardamos os próximos passos deste cara tão especial.

 
 
Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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