Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais grupos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras no nos últimos tempos. Iniciando a série neste relançamento do RTC, vamos à primeira edição:
Idiossincrático e surpreendente por definição, o Hierofante Púrpura é um grupo para poucos. Contando com uma sonoridade parruda, extremamente lisérgica e, por vezes, absolutamente insana em sua concepção, o quarteto de Mogi das Cruzes realiza uma mistura esquizofrênica (e muito bem-vinda) de arranjos, timbres, efeitos e melodias de referências mais díspares para imergir o ouvinte numa experiência sonora que oscila entre o hipnótico e o incômodo com uma fluidez impressionante.
Com uma discografia composta por três discos e um apanhado de EPs que refletem bem o espírito da banda e a experiência proposta pelo projeto (vide os intensos Transe Só e Disco Demência), o grupo merece figurar nesta lista pela forma curiosa com que se firma como uma das bandas mais imprevisíveis e transgressoras em atividade no circuito nacional.
Presente na extensa relação de boas bandas nacionais de Rock que quase ninguém ouviu falar, o ÓCIO é também um de seus exemplares mais contundentes. Dono de uma longa trajetória marcada por inúmeras passagens em circuitos independentes nacionais e internacionais, o trio capixaba se destaca por sua mistura de Grunge e Blues Rock com letras ácidas e confessionais, resultando numa sonoridade que consegue ser simultaneamente explosiva, catártica e dotada de um senso de humor bem particular.
Trazendo dois ótimos álbuns (Mood Swings e Guilty Beat) e um EP epônimo no currículo, o grupo tem seu grande diferencial na dinâmica energética de seus membros e no vocal esquizóide de Daniel Furlan, os quais conferem intensidade até às faixas mais calmas e recorrentemente instigam o ouvinte com verve insuspeita. O trio encerrou suas atividades em 2018, deixando um acervo que certamente merece ser reconhecido no futuro e que o configura como uma ótima pedida para todos aqueles que desejam conhecer um rock reto, ágil e dotado de um quê de tosqueira bem especial.
O INKY é um daqueles grupos que atrai imediatamente ao trazer uma proposta que poderia ser clichê (fazer Electro Rock centrando no peso e na densidade em vez da estética), mas se diferencia consideravelmente de seus pares por conta de sua execução elegante, abrangente e genuinamente revigorante. Dono de uma sonoridade potente que equilibra a visceralidade do Rock com as texturas abrangentes do eletrônico, o quarteto paulista atesta sua autenticidade e sua força ao misturar uma base instrumental pulsante com o vocal magnético de Luiza Pereira, numa combinação que remete a uma mistura densa e agressiva de Massive Attack e Chemical Brothers.
Amparado por uma discografia sucinta e admirável que traz um compacto (Parallels EP) e dois discos (o ótimo Primal Swag e o excepcional Animania), o conjunto tem crescido no circuito nacional e se consolidado como um grupo de proposta moderna e inventiva que foge das convenções de seu gênero com propriedade e classe. Recomendado para aqueles que desejam conhecer uma porrada sonora que também representa um dos projetos musicais mais consistentes e promissores a surgirem no país nos últimos anos.
Discutivelmente um dos grupos de rock mais expressivos em atividade no país, o Black Drawing Chalks é o tipo de conjunto genial que ainda não foi devidamente reconhecido pelo grande público. Com três discos no currículo (o bom Big Deal e os ótimos Life Is a Big Holiday For Us e No Dust Stuck On You), o quarteto goiano fundado em 2005 tem uma sonoridade frenética que se ancora na mistura de guitarras velozes, estética setentista e uma dinâmica esmagadora, misturando Stoner e Classic Rock de forma natural e incrivelmente potente.
Com uma carreira repleta de passagens notáveis no circuito nacional e internacional (incluindo SWU, Goiânia Noise Festival, Lollapalooza Brasil e Canadian Music Week), o BDC não é apenas uma das bandas mais empolgantes e consistentes a marcarem presença no circuito nacional nos últimos anos como ainda preserva suas raízes independentes e carrega à frente o ideal rocker calcado na sinceridade e despretensão que tem se mostrado relativamente em falta nos últimos tempos.
Amplamente visto como um dos grandes expoentes do rock nacional contemporâneo, o The Baggios é um caso digno de estudo: Formado em 2004, o duo sergipano vem traçando o caminho das pedras e formando alicerces sólidos a partir duma mescla altamente precisa e eficaz de Blues Rock, Rockabilly e Garage Rock com elementos de música regional brasileira. Empregando uma caracterização que remete a grupos como White Stripes, Black Keys e Flat Duo Jets, a dupla partiu de um conceito simples e palatável para, gradativamente, progredir até uma sonoridade rica e engenhosa que constantemente impressiona pela voracidade e pelo forte senso de identidade que traz.
Tendo quatro discos admiráveis (incluindo os magníficos Sina, Vulcão e Brutown, indicado ao Grammy Latino), um EP (Acústico Aperipê) e um histórico crescente de apresentações notáveis em âmbito nacional e internacional em seu currículo, o duo vem conquistando uma merecida notoriedade numa trajetória ascendente que tem sido acompanhada por registros cada vez mais ambiciosos e marcantes sem jamais perder as raízes de vista. Recomendação obrigatória para todos aqueles que desejam ouvir um som de qualidade insuspeita e para aqueles que desejam conhecer um dos melhores exemplares da música brasileira da atualidade.
Dúvidas? Sugestões? Reclamações? Entre em contato enviando um email para roadtocydonia@gmail.com ou mande uma mensagem diretamente na página oficial do site no Facebook. Conheça os outros conteúdos do site na página inicial e até a próxima edição.