Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais grupos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à décima segunda edição:
Soando como um cruzamento esquizofrênico (como não poderia deixar de ser) entre Pink Floyd e Sonic Youth, o quarteto Infraaudio é mais um exemplar da diversidade sonora existente no Vale do Paraíba. Trazendo um som experimental solto que mistura psicodelia e noise rock com propriedade, o grupo de Jacareí encontra na dissonância e na improvisação uma forma de realizar um verdadeiro descarrego criativo que pode soar excessivamente estranho, mas se revela acertado duma forma bem peculiar.
Com um currículo crescente de circulações e apresentações no circuito independente somado a um repertório que inclui um álbum (Instante Infinito) e um potente compacto (Tempo), o conjunto paulista é altamente recomendado para todos aqueles que desejam ser deslocados da zona de conforto sonor por um som viajandão de crueza e sinuosidade evidentes.
Grupo que se evidencia tanto por sua durabilidade quanto por sua estética altamente retrô, o trio sul-mato-grossense Facas Voadoras é um claro exemplo de como uma forte base referencial e criatividade podem render bons frutos quando unidas de forma inteligente, mesmo num cenário tão saturado como o do Rock. Mesclando garage rock, blues e surf music, a banda é dona de uma sonoridade reta e energética que tem como maior diferencial a mistura do instrumental evocativo associado ao vocal repleto de rouquidão às linhas de guitarra frenéticas de Leonardo Schmidt.
Munido primariamente de um divertidíssimo disco (o ótimo You’re No Longer Dressed in Black) e alguns registros pontuais, o Facas Voadoras é um grupo que merece ser conhecido pela forma crua e sem firulas com que se propõe a fazer um rock n’ roll de qualidade, sendo inegavelmente bem-sucedido no processo.
É sempre interessante quando uma banda de rock consegue desenvolver uma sonoridade simples, marcante e repleta de influências visíveis sem resvalar num excessivo apego estilístico ou na emulação de trabalhos preexistentes, como no caso do Hell Oh. Fundado em 2011, o quarteto carioca mescla grunge, stoner, surf e indie de forma fluida, resultando num indie altamente palatável e pungente. Com uma discografia que traz três EPs, um disco (o eficaz We’ve Got Nothing to Say but a Song) e alguns singles, a banda tem seu diferencial na energia contagiante que emana, somada a um bom gosto pra timbres notável e um senso generalizado de consistência.
Com um fluxo produtivo admirável pela constância e uma proposta sonora clara, o grupo dissipa facilmente quaisquer percepções duma identidade mais derivativa pelo senso de presença que permeia seus trabalhos. O resultado é uma banda redonda que tem a coragem de fazer um rock honesto e despretensioso sem tentar reinventar a roda, merecendo a recomendação por conta disso.
Formado em 2006 pelos irmãos Rodrigo e Raphael Carvalho, o quarteto de rock alternativo The Soundscapes é um daqueles grupos que, contando com uma sonoridade absurdamente coesa e direta, se torna irresistível por conta de sua mescla de suavidade, dinamismo e nitidez. Ancorado na mistura de guitarras persistentes e vocais melódicos discretos que transcorrem entre faixas de forma fascinante, o projeto é dotado de uma estética enxuta e bem definida que flerta intensamente com atos como My Bloody Valentine e Pixies ao mesmo tempo em que incorpora elementos estilísticos do indie contemporâneo, conseguindo se manter acessível e sempre interessante no processo de estabelecer esta simbiose.
Com uma dupla extremamente eficaz e viciante de registros no currículo (o álbum Freestyle Family e o EP A Lifetime a Minute, ambos fantásticos), o Soundscapes é uma banda regida pela entrega vigorosa e persistentemente ágil que merece ser conhecida e apreciada por conta de sua mistura peculiar de charme, fôlego e qualidade insuspeita. Obrigatória para todos aqueles que desejam conhecer um som que soa contemplativo ao mesmo passo em que se mostra encantadoramente energizante.
Curto e grosso: O Medialunas é aquele tipo raro de projeto alternativo que faz jus ao hype que gera. Originalmente formado em 2011 pelo casal Liege Milk (ex-Loomer e Hangovers) e Andrio Maquenzi (Superguidis, Urso e Worldengine) como um “supergrupo de duas pessoas”, o projeto apresenta um mexidão de indie, garage, shoegaze e idiomas (português, espanhol e inglês) para oferecer um som pegajoso e extremamente potente. Adotando uma apresentação minimalista e sempre desprovida de excesso, o Medialunas possui uma energia em suas composições que só se equipara ao ânimo quase workaholic de seus membros, os quais tem feito tours constantes pelo país e possuem um repertório que inclui o genial Intropologia.
Recentemente reconfigurado como um trio com a entrada do baixista Brenno di Napoli, o Medialunas atualmente prepara seu novo compacto, Resiliência. Provando novamente a qualidade sonora que o Sul tem a oferecer, o Medialunas merece figurar no topo da lista não apenas como uma bandas brazuca altamente magnética, mas como um exemplo claro do que acontece quando indivíduos talentosos apaixonados por música abraçam sua vocação. E esse é um belo exemplo a ser seguido.