Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais grupos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à décima quinta edição:
O Onagra Claudique é o tipo de projeto que não se rende a grandes invencionices ou atrativos rebuscados para fazer valer sua proposta, atraindo justamente por isso. Com uma sonoridade solene que mistura canções popularescas, MPB e um espírito indie de forma discreta e leve, a iniciativa de Diego Valença e Bruno Scalada mostra sua força em sua mistura de coesão musical, elegância e um forte senso poético.
Dono de um portfólio que conta com dois registros eficazes (o compacto A Hora e Vez de Onagra Claudique e o disco Lira Auriverde), o duo se revela uma daquelas (inúmeras) descobertas inusitadas e quase despercebidas pairando no universo independente que merece ser conferido por todos aqueles que querem um som relaxante e imersivo.
Se há algo que sofreu uma proliferação substancial no Brasil ao longo da última década, é o número de bandas e artistas Folk (eletrônico também, mas isso não vem ao caso agora). E se volta e meia vemos projetos excelentes surgindo direta e indiretamente dentro desse gênero (algo já pontuado em listas passadas), não é sempre que vemos um grupo realizando um Folk que, além de abraçar suas raízes sem hesitação, ainda o revigora com uma dose cavalar de energia, como no caso deste Shotgun Wives. Formado em 2009, o sexteto goiano é dono de uma sonoridade acelerada e dançante que surpreende pelo caráter descontraído e é carinhosamente apelidada “Folk de Saloon”.
Com composições extremamente divertidas e uma apresentação bem característica com arranjos tradicionais (o banjo e as cordas se mostram presentes como devem), a banda teve uma trajetória marcada por definições estruturais (incluindo o lançamento do divertidíssimo Hail to the Lizard King) e apresentações pontuais em festivais nacionais como o Vaca Amarela. Incisiva e revigorante, a Shotgun Wives é uma banda magnética que se distancia com vigor do caráter soturno excessivamente abraçado por parceiros estilísticos. E isso por si só é razão suficiente para que mereça ser descoberta.
Formado no final dos anos 2000 na cidade de São Paulo, o Tokyo Savannah é um daqueles grupos que fomenta o descontrole catártico e o caos lúdico de maneira insuspeita e indiscreta. Trazendo uma mistura bem peculiar de garage, punk e rockabilly num pacote sempre pulsante e divertido, o trio paulistano recorrentemente se enquadra sonicamente em algum lugar simbólico entre Stray Cats e Bad Religion, encontrando no vocal e nas linhas de guitarras de Chico Mitre a forma de trazer composições cruas que marcam pela empolgação e pela agilidade.
Contando com dois discos vigorosos no currículo (incluindo um ótimo disco de estreia epônimo e o potente Straight to Heavy) e uma postura ilusiva que se contrapõe de forma interessante à sua estética retrô e espasmódica, o Tokyo Savannah é altamente recomendado para todos aqueles que gostariam de ouvir um som parrudo que só pode ser descrito como Brian Setzer tocando sob o efeito de speed.
Curto e grosso: O trabalho do Naked Girls and Aeroplanes é surpreendentemente impactante. Formado por Rodrigo Lemos (A Banda Mais Bonita da Cidade e o ótimo Lemoskine), Wonder Bettin e Artur Roman (ambos membros do Esperanza, antigo Sabonetes), o trio surgiu em 2010 como um projeto paralelo descompromissado e gradualmente foi se configurando como um dos melhores exemplares folk a brotar em terras tupiniquins na última década.
Com uma veia caipira fortíssima e canções que prezam pela simplicidade como sua maior arma, o grupo emprega composições de elegância insuspeita para abraçar a mesma linha musical de nomes como Glen Hansard e Fleet Foxes. Tendo um apanhado de singles e compactos no currículo (incluindo um ótimo EP epônimo de 2012 e High Paradise), assim como apresentações pontualmente marcantes, o Naked (nome informal da banda) pode ser visto como um belo exemplar de um spin-off que, por vezes, se mostra mais interessante e contundente que seus projetos originários. Vale a pena conferir.
Um dos projetos mais assombrosa e coesamente potentes vistos por nossa editoria nos anos de existência do Road to Cydonia, o duo potiguar Red Boots merece reconhecimento e admiração pela forma inusitada com que une a fórmula guita + batera de forma agressiva, enxuta e extremamente pesada. Misturando influências que vão desde Rock Psicodélico ao Stoner e o Metal, a dupla formada por Luan Rodrigues e Gil Holanda emprega sua dinâmica minimalista para criar uma sonoridade estilisticamente abrangente, mas homogênea em densidade.
Munidos de uma série de composições homogeneamente permeadas por um bem-vindo senso de brutalidade que preenchem dois excelentes discos (um álbum de estreia lançado em 2011 e o cavernoso Touch the Void), o Red Boots é um som obrigatório para quem curte um rock de qualidade e deseja ouvir duos do tipo que fujam um pouco da escola formada por bandas como White Stripes e Black Keys. Indicação obrigatória e impiedosa.