Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais grupos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras no nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à terceira edição:
Realizando um grande pastiche de estilos e arranjos numa mistura que forma “cenas sonoras” baseadas em obras cinematográficas, o Cheddars é aquele tipo de projeto que demonstra valor e inventividade a partir de elementos facilmente identificáveis e de uma abordagem agradavelmente discreta. Revelando uma sonoridade intensa e elegante, o duo formado por Bruno Costa e pela onipresente Larissa Conforto emprega diversas influências, referências e músicos convidados para desenvolver um trabalho permeado pelo bom-gosto e pela diversidade.
Tendo apenas um EP de estreia disponível (This Is a Robbery), o Cheddars tem cruzado um longo período de latência, mas merece figurar desde já como um dos exemplares mais notáveis de projetos despretensiosos que acabam rendendo frutos admiravelmente coesos. Vale a pena conferir.
É sempre bom quando um grupo consegue deixar uma forte impressão com muito pouco, como ocorre com este Def. Munido de uma sonoridade híbrida e de composição improvável (imagine uma mistura calculada de Post-Rock, Indie, Math e Noise), conceito claro e um EP arrebatador (Sobre os Prédios Que Derrubei Tentando Salvar o Dia (Parte 1)), o quarteto carioca realiza um trabalho versátil que impressiona pela forma com que concilia beleza e agressividade na concepção de paisagens caóticas, mas incrivelmente intimistas.
Com uma abordagem “fora da caixa” que se aproxima àquela da ótima Jennifer Lo-Fi e trazendo uma revelação na forma da vocalista-guitarrista Deb F., o Def não é apenas uma indicação para fãs órfãos de projetos de Post-Rock dotados de um espírito noventista, mas também um dos exemplares nacionais do gênero mais promissores vistos nos anos 2010.
Evidenciada por conta da sua caracterização idiossincrática, seus movimentos na ciberesfera e de seu caráter multidisciplinar, a mineira Sara (não tem nome) vem traçando um caminho persistente e de passadas largas para se consolidar como uma das figuras mais intrigantes do atual circuito independente nacional.
Dona de uma sonoridade ancorada no Folk, no Rock e no Slowcore, a musicista e artista visual impressiona pela mistura de cinismo, profundidade e visceralidade que imprime em suas composições e apresentações (imagine uma amálgama de Karen Dalton e Beck com o desequilíbrio de Daniel Johnston e o visual expressivo de Matthew Barney) e que forma um contraponto eficaz à sua figura jovial e voz suave. Com uma trajetória marcada por uma rápida ascensão no meio indie e por um elogiado disco de estreia (Ômega III), Sara surge como uma boa recomendação para todos aqueles que desejam conhecer um som introspectivo, soturno e de dotado duma exuberância bem particular.
Membro da fascinante onda de artistas independentes que tem crescido no Espírito Santo ao longo dos últimos anos, Fernando Zorzal é também um de seus exemplares mais peculiares: ancorado na voz e no violão, o cantor e compositor capixaba é dono de um trabalho elaborado e multifacetado que se revela complexo e acessível ao mesmo passo em que se dissocia de amarras estilísticas (a caracterização mais próxima seria Tropical Folk) e se distancia com afinco das convenções da dita “Nova MPB”.
Com um currículo marcado por dois ótimos registros (um EP epônimo e o disco Cidade Alta), o músico merece ser conferido pela forma singular com que mescla dinamismo, técnica, um lirismo invejável e um bem-vindo senso de tradição para desenvolver uma sonoridade genuinamente especial.
Um dos nomes mais magnéticos e evidentes a saírem da cena independente capixaba nos últimos tempos, André Prando é um artista altamente peculiar que tem sido (merecidamente) reconhecido por conta de seu caráter irreverente, verve explosiva e da qualidade de sua musicalidade expansiva. Autor de uma sonoridade de influências extremamente díspares (de Frusciante a Belchior e além) que costura Garage Rock, Psicodelia e Folk num pacote marcado por arranjos enxutos e um vocal extremamente poderoso, Prando tem sua curta trajetória marcada por uma rápida ascensão na cena regional e pela promessa de vôos cada vez mais altos.
Trazendo na bagagem dois ótimos registros (o EP Vão e os ótimo Estranho Sutil e Voador) e gradativamente construindo um currículo crescente de apresentações nacionais (como o Psicodalia Festival), Prando se diferencia substancialmente de inúmeros outros exemplares do gênero por conta de sua autenticidade, entrega absoluta e energia contagiante. Altamente recomendado para todos aqueles que desejam conhecer um artista incorporado e mais um ótimo exemplo do que tem sido feito de melhor no Espírito Santo hoje em dia.
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