Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais grupos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras no nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à sétima edição:
Com uma sonoridade minimalista e profundamente intimista que traz ecos de PJ Harvey e Warpaint, o duo paulistano Winteryard cria uma paisagem sonora introspectiva e densa que impressiona pela concepção (a qual mescla Post-Rock, Shoegaze e Indie com discrição e eficiência) e se revela perfeitamente ancorada no vocal melancólico de Priscila Castro.
Expondo volumes de verdade emocional e trazendo um legítimo inverno da alma em seus registros (os EPs Endless Winter e The Place Where I’ve Been Before), o projeto já se revela uma pedida que merece ser analisada com calma e concentração. Afinal, não é sempre que uma banda dá seu recado com tamanha clareza e com tão pouco.
Fruto da mente inegavelmente criativa do capixaba André Graciotti, o Cellardoor é um projeto curioso: Idealizado com o intuito de desenvolver uma sonoridade densa e soturna que se aproximasse do Dark Pop, tal trabalho poderia facilmente se transformar num apanhado de experimentos sonoros de difícil assimilação que servissem puramente como uma catarse criativa de seu autor. Em vez disso, o resultado é um estudo complexo e multifacetado que desenvolve paisagens sonoras melancólicas e repletas de texturas, gerando sempre uma mistura bem-vinda de sutileza e tensão subjacente (imagine uma mistura de Sigur Rós, Massive Attack e Depeche Mode).
Com uma discografia versátil (que inclui os ótimos Seashores & Riversides, ástarsaga e Random Alarms EP) e uma crescente ambição em sua concepção, Cellardoor é um projeto admiravelmente simples e bem-realizado que recorrentemente flerta de forma bem-sucedida com a grandiosidade e merece ser conferido por isso.
Dotado de um sobrenome cujo peso se revela diretamente proporcional ao seu talento, o cantor/compositor Ian Ramil é um daqueles músicos que se distinguem imediatamente por conta do misto de criatividade e sutileza que emprega em suas composições. Parceiro habitual da trupe do Apanhador Só, o músico gaúcho tem um currículo curto, mas marcante (que conta com as pedradas IAN e Derivacivilização), revelando uma predileção insuspeita pelo minimalismo e uma versatilidade refletida pelas influências perceptíveis da MPB, do folk e do rock alternativo.
Dono duma sonoridade fortemente calcada numa estética acústica e letras que se revelam pegajosas tanto nas mais belas quanto nas mais grosseiras, Ramil é o tipo de artista indicado para todos aqueles que desejam ouvir um som discreto e de efeito duradouro.
Cria do mineiro Jairo Paes a partir de seus fortes lastros com os EUA, o Young Lights é o tipo de empreitada que pode não se destacar à primeira vista, mas que gradativamente revela uma força inequívoca através da qualidade de seu Folk, de seu espírito intimista e de um forte senso de identidade. Com uma gama de composições profundamente sensíveis e emotivas, Paes emprega sua voz potente e seu arsenal de influências (que vão de pinceladas de Coldplay ao Folk irlandês, passando por Joy Division e tantas outras) para desenvolver uma sonoridade densa e minimalista que surpreende pela eficácia e pelo magnetismo.
Munido dum acervo enxuto e vigoroso de registros lançados (que conta com o lindíssimo An Early Winter EP, um disco homônimo e o solene Cities), o Young Lights é um projeto extremamente coeso e atraente que vai crescendo na mente do ouvinte a cada nova audição e se prova como um dos melhores exemplares do gênero em atividade no Brasil
Parte da excelente leva de bandas goianas que tem crescido em produção, quantidade e qualidade ao longo dos anos 2010, o sexteto Cambriana representa tanto um dos seus melhores exemplares quanto um exemplo irrefutável do nível de excelência que é possível alcançar numa esfera tão saturada quanto a do Indie brasileiro. Com uma sonoridade elegante, versátil e altamente elaborada que faz fortes alusões a grupos tão díspares quanto Björk, Radiohead e The Killers, a trupe liderada por Luís Calil atrai imediatamente pela forma com que mantém um equilíbrio delicado entre vocais suaves, linhas melódicas expressivas, uso extensivo de efeitos, arranjos elaborados e timbres precisos para formar paisagens sonoras parrudas e altamente atraentes.
Mais que isso: empregando um apuro estético e uma qualidade técnica absolutamente invejáveis em todas as suas faixas, o grupo também entrega recorrentemente verdadeiras aulas de concepção sonora e bom-gosto ao longo de sua discografia já antológica (que traz os excelentes House of Tolerance e Manaus Vidaloka mais os magníficos Hedonism e Worker EP), apresentando uma consistência que o torna digno de destaque no cenário internacional.
Com uma trajetória marcada por uma reta ascendente em renome e reputação dentro do seu segmento, Cambriana é uma indicação obrigatória para todos aqueles que desejam conhecer a extensão do potencial das bandas independentes brasileiras e curtir um som de qualidade insuspeita no processo.
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