Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais trabalhos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre lançamentos que têm dado as caras no nos últimos tempos. Retomando a série neste relançamento do RTC, vamos à primeira edição:
Sendo breve na descrição: Este compacto de estreia do Capona é um trabalho bruto, enxuto e inegavelmente apaixonado. Trazendo cinco faixas que revelam de forma abrangente a sonoridade noventista do trio alagoano (imagine um cruzamento entre Pixies, Radiohead da era Pablo Honey e Smashing Pumpkins da era Gish), Adults Are The Young Who Failed imediatamente chama a atenção por conta de seu caráter minimalista, de sua energia visceral (vide John Hughes e Papaia Com Cassis) e da performance reveladora do guitarrista e vocalista Marcos Cajueiro (vide Because I Sleep).
Um pescotapa coeso e direto que intensifica a percepção da força do rock nordestino e figura como um compacto admirável em seu caráter parrudo.
Disco de estreia daquela que é, possivelmente, a banda mais estranha a cruzar o caminho do RTC, esse trabalho de estreia se revela tão peculiar quanto seus autores: Trazendo toda a psicodelia (ou esquizofrenia) e o experimentalismo característico do Hierofante, o disco é uma intensa mistura de texturas, melodias inusitadas, inserções improvisadas e efeitos que se encaixam com a precisão dissonante de um quadro cubista ao longo de suas 12 faixas.
Composto por passagens que transitam entre o contemplativo (Areia no Olho Alheio), o energético (Amor te Quero e Casa) e o catártico (a furiosa Não Conte a Ninguém ou Mato Você e a belíssima Discutindo), Transe Só é um álbum magnético que merece créditos por seu caráter idiossincrático que pode não agradar a todos, mas jamais deixa de instigar o ouvinte.
Projeto discreto do duo sergipano The Baggios, esse Acústico Aperipê é o trabalho intermediário da dupla após seu ótimo disco de estreia e anterior ao excepcional Sina. Trazendo a dupla roqueira em uma roupagem mais natural e comedida, o compacto traz sete de suas composições em novas versões que reforçam o espírito “raizeiro” de seus autores (vide Pisa Macio, Hard Times e Meu Relógio Não Merece Atenção) e ainda os tiram um pouco do plano agressivo das baterias frenéticas e guitarras distorcidas (ainda que estas últimas se manifestem na divertida Pegando Punga).
Curto, animado e dinâmico, esse EP pode ser considerado por alguns como um trabalho menor, mas serve para reiterar a qualidade e o potencial daquele que é um dos melhores grupos de rock em atividade no Brasil.
Trabalho que deveria ser descobertos pelas paradas mainstream há muito tempo, este segundo (e excelente) disco do Black Drawing Chalks é o tipo de álbum que muita gente conhece, mas não ouviu por completo. Responsável por alavancar a carreira do quarteto goianiense (em grande parte, por conta do hit My Favorite Way), LBHFU é um disco agressivo e energético que indiscutivelmente figura como um dos melhores trabalhos de Stoner Rock já feitos no país.
Exemplar do seleto grupo de discos de Electro Rock que fogem dos chavões do gênero e demonstram uma autenticidade insuspeita no processo, o primeiro álbum do quarteto paulista INKY pode ser definido como uma impiedosa voadora nos ouvidos. Trazendo dez faixas formadas a partir de uma mescla de Post-Rock, Eletrônico e Stoner (imagine uma fusão bem agressiva de Massive Attack e Chemical Brothers), o LP é bem-sucedido em seu propósito de apresentar a extensão e a força da sonoridade de seus autores através duma costura que equilibra timbres, grooves e climas de forma admirável (vide o contraste entre a viajandona Coincide e a ensandecida Baby, Reptile).
Com tracks que ficam no meio-termo entre a esquizofrenia e o frenesi puro (Fish Delay, Massive e Ice-O-Lator), uma gama extensa de texturas interessantes e o vocal magnético de Luiza Pereira (cujo trabalho pontualmente remete a Björk, como na excelente Tricky Manners), Primal Swag é uma obra furiosa que pode soar uniforme em audições repetidas, mas tem classe e energia suficientes para render uma experiência intensa e profundamente estimulante. Obrigatório para todos aqueles que não têm medo de ouvir um rock n’ roll fora do padrão.
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