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5 SINGLES #8

 

A série 5 SINGLES é uma forma de apresentar ao público algumas faixas lançadas que foram considerados dignas de nota pela edição do Road To Cydonia.

Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão das composições de grupos e artistas de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras nos últimos tempos. Iniciando o segundo semestre de 2021 no site, vamos à oitava edição:

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FLOTANDO (Matheus Noronha, 2020)

Iniciando a oitava edição numa rotação diferente, este lançamento do cantor e compositor Matheus Noronha surge como uma verdadeira ode à introspecção e a um mergulho para dentro de si. Lançado no final do ano passado como primeira parte de uma trinca de singles autorais, este Flotando é fruto de um exercício de composição inspirado no romance The Yearning, da escritora sul-africana Mohale Mashigo. Abraçando uma estética folk calcada num violão expressivo e na voz delicada de Noronha, o single evoca com habilidade o caráter flutuante do ato de imergir nos próprios pensamentos e a sensação de deriva resultante.

Mesclando uma forte carga de melancolia com um senso latente de leveza e relaxamento, o single é acompanhado por um clipe igualmente evocativo dirigido por Shai Giusti que emprega um elemento natural (água, no caso) para traduzir visualmente o senso de fluidez e caos desapegado que permeia o processo narrado na composição e na letra do músico gaúcho, registrando o espírito da canção de maneira simples e altamente acertada. É um trabalho sutil e profundo que merece ser conferido e que cativa de maneira insuspeita, convidando recorrentemente a repetidas audições e visualizações.



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FIRE (Jessica Cohen, 2020)

Single que planta a bandeira no trabalho solo da cantora e compositora Jessica Cohen (ex-vocalista da The Red Rivers), esta Fire é, na falta de um termo melhor, uma ótima demonstração de foco e auto-afirmação que se traduz num imediato senso de autoralidade. Fundamentalmente uma balada altamente sensual marcada por uma mistura arrojada de simplicidade e precisão, a faixa emprega seu senso de coesão e minimalismo para trazer um posicionamento sólido por parte de sua autora em três minutos de duração.


E é interessante notar como que esta simplicidade e esta segurança são transpostos de forma inequívoca para o clipe dirigido por Ana Della Rosa, o qual, acertamente focado na imagem da musicista baiana, consegue sugerir a mistura de sensualidade e personalidade contido na faixa com uma abordagem tão direta quanto a música correlata. É um ótimo cartão de visitas que ecoa na mente do ouvinte por diversos minutos após seu final. Vale a pena conferir.



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BLUES (Fabriccio, 2020)

Desde que iniciamos os trabalhos com este site, poucas vezes vimos um autor conseguir abordar o universo cotidiano e comunicar a magia do prosaico de maneira tão suave e poética quanto o ótimo Fabriccio. Tendo figurado pela última vez nesta lista com a ótima Inbox, agora o cantor e compositor capixaba retorna com esta Blues, canção que não apenas se mostra fortemente calcada em sua sonoridade imersiva e enxuta como reitera seu talento para evocar uma miríade de sentimentos altamente complexos de maneira indireta, mas admiravelmente acessível.

Trazendo como base a ideia de uma relação à distância e todos os devaneios que o desejo de proximidade trazem a reboque, este single imediatamente fascina não apenas por sua levada hipnótica, mas pela maneira com que a letra de Fabriccio consegue evocar com nitidez insuspeita a SENSAÇÃO de sonhar acordadx com uma pessoa querida. Calcado em versos que emanam uma sensação de paz e conforto que só se materializam num nível muito profundo de intimidade, o single vem não apenas como mais um ótimo exemplar na já invejável discografia de seu autor, como também indica a crescente maturidade de um artista que se mostra cada vez mais em sintonia com sua inegável sensibilidade.



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VELHA BRINCADEIRA (Budah, 2021)

Mais um ótimo trabalho da sempre excelente Budah, Velha Brincadeira surge também como um surpreendente movimento de transição por parte da cantora e compositora capixaba, a qual, tradicionalmente associada ao trap, aqui abraça um R&B moderno e potente em mais uma demonstração de seu talento invejável e de seu magnetismo. Realizado ao lado do produtor Rodolfo Simor, este single vem como um dínamo sonoro que, calcado num arranjo elegante (que conta com um ótimo solo de violão de Simor) e na voz altamente expressiva de Budah, imediatamente cria um momentum de força insuspeita que agarra o espectador e não larga ao longo de seus dois minutos de duração.

Mais que isso, além de seu caráter radiofônico assombroso, o single também traz nuances muito mais profundas através de sua letra, a qual sugere um nível de profundidade substancial ao indicar uma jornada de amadurecimento baseada na abdicação de jogos psicológicos que recorrentemente marcam as relações interpessoais e no reconhecimento de uma verdade emocional crua baseada em afeto genuíno. Trazendo um lyric video a reboque que, realizado por João Paulo Rocetti e Lucas Duarte, é permeado por imagens da realização da faixa no núcleo Bravo LAB., este Velha Brincadeira também simboliza o primeiro lançamento do selo Casulo e figura como um dos trabalhos mais marcantes avaliados por nossa editoria nesse ano. Indicação obrigatória que deve tocar no repeat ad nauseam.



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O QUE FICOU PRA TRÁS (Rosa Chá, 2021)

Fechando a dobradinha de lançamentos do selo Casulo presente nesta edição, o novo single do grupo de dream pop Rosa Chá figura também como seu segundo single e prenúncio direto de seu compacto epônimo, servindo como uma ótima continuação do trabalho iniciado com o ótimo Doce Amor e uma demonstração de identidade artística ainda mais contundente. Retomando a vibe dançante presente de seu predecessor e a parceira com o produtor musical Rodolfo Simor, O Que Ficou Pra Trás aborda uma ideia de desapego diante de uma constatação emocional para criar uma paisagem sonora super leve e de energia contagiante, criando um quadro interessante e super eficaz enquanto canção.


Expandindo o escopo do quarteto capixaba com elegância e inventividade, este single ainda aprofunda a proposta estética do Rosa Chá de maneira altamente sofisticada, apresentando arranjos mais elaborados e concebidos com precisão cirúrgica, conciliando elementos cuidadosamente posicionados para máximo impacto na mente do ouvinte. (E aqui um desafio: Tente não assoviar seguidamente após ouvir esta faixa).

Vale ressaltar que este nível de crescimento é devidamente registrado no excelente clipe que, novamente dirigido pela inigualável Melina Furlan (a qual também atua aqui), transpõe a estética neo-retrô do grupo de maneira irresistivelmente impactante e irrefutavelmente elegante, reiterando o senso de identidade do Rosa Chá com classe e charme irresistíveis. É um trabalho feito com esmero e inteligência que simboliza um excelente passo à frente para este grupo promissor que se propõe a realizar um trabalho descontraído dentro de um campo relativamente pouco explorado com sinceridade e alma. Obrigatório para embalar qualquer momento do dia.



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Dúvidas? Sugestões? Reclamações? Entre em contato enviando um email para roadtocydonia@gmail.com ou mande uma mensagem diretamente na página oficial do site no Facebook. Conheça os outros conteúdos do site na página inicial e até a próxima edição.

Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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