Nesta quarta edição, convidamos o cantor, compositor e multi-instrumentista Léo Norbim. Com uma sonoridade autoral fortemente ancorada no Folk, no Pop e na MPB, Norbim é dono de uma carreira de 20 anos como músico de apoio e colaborador de nomes nacionais e regionais como Armandinho, Macucos, Chico Lessa, Diego Lyra, Tati Portella, Toninho Horta, Zeider (Planta & Raiz), Zé Moreira, entre outros.
Apoiador assíduo, quase membro honorário do Road to Cydonia e um colaborador ativo na descoberta de novas sonoridades por parte de nossa editoria, Norbim é um convidado marcante para a história do site que graciosamente aceitou nosso convite para fazer uma lista de recomendações de discos que considera especiais. Confira abaixo:
"Para abrir a lista, eu queria sugerir a Vic, que é uma moça bem jovem aqui de Vitória que lançou seu primeiro single no final do ano passado, uma música fantástica chamada Tanto Faz. É uma composição muito rica e muito madura que segue numa linha pop cheia de beats eletrônicos e depois vai convertendo numa espécie de axé de maneira surpreendente. É um trabalho duma consciência muito foda, ainda mais considerando que é o primeiro lançamento dessa cantora."
"Pensando ainda na onda de singles, eu queria indicar o trabalho do Raphael Morais, que é um cara super humilde e super tranquilo que sempre se colocou na condição de alguém disposto a aprender e que lançou no ano passado uma música chamada Metamorfase como parte do seu trampo autoral. E é uma música muito competente, que consegue trazer uma mensagem bem clara sobre a questão da pandemia e do Covid-19 ao mesmo tempo em que respeita a identidade musical do autor. Gostei muito dessa música, gosto muito do trabalho do Raphael e acho que ele é um cara que rala muito e ainda vai voar."
"Indo pro universo dos discos, a próxima dica é uma grata surpresa que eu descobri através da publicidade, é um artista duma intensidade foda chamado Barroso Eus, que é conhecido pelo trabalho como o garoto-propaganda da McDonalds. Eu já conhecia o trampo dele nas propagandas e, por coincidência, vi um comentário que ele fez sobre o single da Gabriela Brown com a GAVI, e isso me levou a procurar o som dele pelo Instagram. Quando eu escutei o disco dele, Vendo Sonhos, achei uma coisa transcendental. É de uma complexidade e de uma densidade absurda, porque ele traz uma luta pela diversidade sem demagogia e de uma forma muito profunda e honesta, abordando a luta do nordestino ostracizado, a luta de pessoas portadoras de necessidades especiais e de grupos vulneráveis misturando música e poesia declamada num nível de produção muito alto. É um trabalho muito completo e complexo que me deu um tapa."
"Agora saindo um pouco do universo nacional e atravessando o mar, minha próxima dica é uma banda suíça chamada Black Sea Dahu, que ainda é relativamente pouco conhecida, mas me arrebatou completamente com um disco chamado White Creatures. Entrei em contato com o trabalho deles por meio de um story patrocinado no Instagram que tinha a música Big Mouth e imediatamente achei uma coisa estarrecedora. A voz da Janine Cathrein, a instrumentação, a concepção da música e a onda do som, que é muito parecida com o que eu tento fazer no meu trabalho, é duma construção super peculiar que me deixou encantado. É uma banda que está traçando uma crescente e tem uma lógica de disposição que é bem diferente do que já vi. É um som gostoso demais de escutar que eu curto muito."
"Por fim, pra fechar a lista eu tenho que recomendar o meu papai musical, né? O meu muso, meu princeso e a grande referência do Inverno (EP que lançarei em breve), que é o Jon Foreman. Ele é um músico americano que é conhecido como vocalista duma banda chamada Switchfoot, mas que também é dono dum trabalho solo absolutamente sensacional. Ele é uma das minhas maiores influências e o cara que me fez ter o tesão de configurar meu projeto como uma série de EPs temáticos baseados nessa onda de voz e violão bem minimal. Recentemente, ele lançou um disco chamado Departures, que é maravilhoso e se distancia um pouco da vibe mais enxuta, mas ainda foge da formalidade do rock, como dá pra perceber numa música chamada Education. Esse cara é o meu deuso."