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5 SINGLES #2

 

A série 5 SINGLES estreia como uma forma de apresentar ao público algumas faixas lançadas que foram considerados dignas de nota pela edição do Road To Cydonia.

Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão das composições de grupos e artistas de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à segunda edição:

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UM SOL A CADA DIA (Pirikito, 2020)

Segundo registro da carreira-solo do cantor Gabriel Muniz (vocalista da Pura Vida, também conhecido como Pirikito), este Um Sol a Cada Dia dá um passo adiante na mistura de R&B e Smooth Jazz que marcou a faixa de estreia (Quiet Days) que o precedeu e tem configurado a sonoridade de seu autor. Produzido por Rodolfo Simor no BRAVO Lab e embalado por uma levada suave e altamente reconfortante em meio a um arranjo elegante, o single traz uma reflexão contemplativa dotada de volumes de nostalgia e reminiscências ao mesmo tempo em que manifesta um bem-vindo senso de otimismo e leveza, se distinguindo por conta de seu caráter inegavelmente good vibes.

Amparado por um clipe realizado pelo próprio Pirikito que traduz visualmente o espírito de paz contido na canção a partir de imagens altamente evocativas e uma fotografia vintage, USACD é uma bela adição ao crescente repertório do músico capixaba e dá sinais claros duma consistente direção artística. No mais, é uma bela faixa para ouvir no repeat e relaxar lembrando de boas lembranças.



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TROPEÇAR (Bernardo John, 2020)

Como dito anteriormente aqui no Cydonia, Bernardo John é uma figura de nuances inusitadas. Mais reconhecido em Vitória por conta de sua persona irreverente e participação em grupos de rock dotados duma energia mais pulsante (vide Auri,2OIS, Rajar e Confeito da Mafalda), o músico recorrentemente surpreende quando abraça sua faceta mais comedida e dá vazão à sua sensibilidade em canções singelas e repletas de verdade emocional, como ocorre com esta simpática Tropeçar.


Gravação mais recente de John, a faixa segue o eixo temático central de seu trabalho-solo (reflexões sobre relações conjugais), mas destoa da sonoridade previamente estabelecida com o ótimo Passa Raiar ao abraçar uma estética mais indie e uma forte dose de melancolia para criar uma balada tenra sobre os percalços dum relacionamento e a perspectiva de reconciliação através do reconhecimento da própria falibilidade. É uma canção reta, curta e agridoce que impacta por sua simplicidade e convida a audições repetidas. Vale a pena conferir.



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FICAR BEM (The Outs, 2020)

Single mais recente da incansável The Outs em sua fase brazuca, a faixa Ficar Bem surge em meio à pandemia quase como um manifesto anti-desespero por conta de sua mensagem ativamente resiliente e sua sonoridade ensolarada. Trazendo os cariocas conciliando sua psicodelia habitual com um senso de vivacidade pulsante e uma crescente maturidade nos arranjos, esta track surge como um bem-vindo wake up call que se manifesta de forma enganosamente descontraída e altamente pegajosa.

Acompanhado dum clipe onírico realizado pela Mole Enterprises que remete diretamente à ideia dum Jardim do Éden urbano (e que também traz um forte senso vintage), o single é mais uma eficaz adição à já substancial discografia de seus autores que também dá continuidade à sua busca por uma musicalidade cada vez mais sofisticada e fluida, mas sempre com qualidade inegável. Altamente recomendado para quem gosta de sons viajandões que acertam na medida e solos de sax extremamente pontuais.



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INBOX (Fabriccio, 2020)

Canção mais recente do ótimo Fabriccio, o single Inbox é um daqueles registros que, concisos e consistentes, evocam todas as maiores qualidades existentes no trabalho de seu autor, das letras contundentemente viscerais, passando pelos arranjos precisos até um senso inabalável de afeição e humanidade. Dando sequência à sonoridade estabelecida com o excelente Jungle, este registro surge como uma apaixonada ode à manifestação de Amor diante da perspectiva de distância, sendo um dos trabalhos mais inegavelmente calorosos a serem lançados nos últimos tempos.

Trazendo um excelente clipe que, produzido em tempos de pandemia e materializado habilmente pela visão classuda de Mailson Soares e pelo trabalho da Zeferina Produções, contextualiza a letra de Fabriccio dentro do universo do isolamento social com sensibilidade e força, Inbox é um ótimo lançamento que não apenas mostra a evolução de seu autor como dá indícios claros do caminho cada vez mais sólido e impressionante para o qual se direciona. Vale muito a pena conferir.



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CONTRAGOLPE (Duda Brack, 2020)

Parte da onda recente de lançamentos que abordam o grotesco caos sociopolítico que vem assolando o país nos últimos anos, o single Contragolpe também se mostra um de seus exemplares mais assombrosamente pungentes e uma retumbante declaração de força e compromisso por parte de sua autora, a fantástica Duda Brack. Composto por Brack ao lado de Gui Fleming e produzido junto do parceiro recorrente Gabriel Ventura (ex-Ventre) e Lúcio Maia (guitarrista do Nação Zumbi), o registro não apenas avança léguas em seu fascinante universo sonoro como prenuncia seu vindouro (e aguardado) segundo disco com potência inequívoca.

Inspirado por eventos horrendos da História nacional recente (como o assassinato de Marielle Franco, Brumadinho, entre tantos outros momentos trágicos.) e fortemente ancorado no uso magnífico dum sample de Lead the Way (do Hypnotic Brass Ensemble) que se assemelha a uma marcha sombria, Contragolpe inicia como uma alusão ao Complexo de Cassandra numa dura reflexão sobre a inevitabilidade de um contexto tão devastador até alcançar o refrão e se transformar num eloquente chamado para a manifestação política e defesa de convicções mesmo diante da perspectiva da reação extrema e do sacrifício decorrente.

E é aqui onde Brack mostra sua inteligência e presença de espírito aterradoras: Ao assumir sua fortitude ideológica por meio da aceitação de todo um universo de reatividade e dano com o qual lidará, a cantora não apenas deixa clara sua dedicação e seriedade (materializadas por sua entrega vocal tradicionalmente soberba), como convida o espectador a fazer o mesmo, numa mensagem que ressoa muito depois da audição. É um trabalho de peso, foco e densidade inequívocos que não apenas reitera a imagem de que Brack é uma das musicistas mais interessantes em atividade no circuito nacional como se mostra um convite irrefutável para seu próximo disco. Aguardemos ansiosamente até lá.



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Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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