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DICA RTC #13: Clipe NÓ (AURI, 2021)

 

Com o ótimo single , o grupo capixaba AURI inaugura uma nova fase em sua carreira e revela uma estética mais soturna que carimba sua crescente maturidade num clipe altamente estilizado e elegante. (IMAGENS: Pedro Henrique Faria)



Citado anteriormente nas páginas do Road to Cydonia, o quinteto AURI constantemente chama a atenção e desperta a admiração por sua mistura de apuro técnico, inventividade e coesão, a qual emprega habilimente para construir um rock alternativo altamente dinâmico e expansivo. Tendo uma carreira marcada pelo lançamento de um álbum completo (Resiliência, de 2017), um ótimo single (Quintal, de 2019) e um EP de reinterpretações em 8-bits (acertamente batizado Atauri, lançado no ano passado), o grupo capixaba agora retorna com , single que não apenas retoma a sonoridade liricamente sentimental e harmonicamente densa de seus autores como ainda é acompanhado de um elegante clipe que estabelece o novo momento do grupo e sua crescente maturidade de maneira soturna e impactante.

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Escrito, dirigido, editado e finalizado pelo vocalista e guitarrista Ton Radaell, o clipe de imediatamente se distingue dentro da filmografia de seus autores pela maneira com que abdica da atmosfera vibrante e colorida de seus predecessores em prol de um preto e branco áspero que registra a tensão existente na letra (a qual remete a um processo de ruptura traumático, mas inegavelmente empático) com precisão ao mesmo passo em que revela um espírito taciturno até então inédito no trabalho da AURI. E é interessante notar como que este contraste não serve apenas para ilustrar devidamente o espírito da canção representada como também sugerir uma postura mais contida e madura por parte do grupo capixaba.



Intercalando imagens dos membros da banda (captadas em Fradinhos e no Palácio da Cultura Sônia Cabral) com a figura de Carol Pimenta (a qual também assina como co-produtora do vídeo ao lado do quinteto) como a personificação da angústia contida na letra que oscila entre momentos de contemplação e catarse sofrida, o clipe chama a atenção pela maneira com que usa recursos de sintaxe cinematográfica (como diferentes razões de tela, conduções de câmera, frame rates e jump cuts) para comunicar visualmente um senso de inquietação e claustrofobia de maneira clara e concisa, trazendo unidade e peso ao vídeo por meio de sua abordagem visual. O resultado final é um trabalho instigante que, hermético em sua composição, serve seu propósito artístico com um senso de autenticidade e solidez insuspeitos.



Plasticamente irrepreensível (kudos para a fotografia de Pedro Henrique Faria), altamente magnético e inegavelmente potente, este serve tanto como (mais uma) prova do talento do conjunto capixaba, como também cumpre a função de indicar os novos rumos de sua trajetória com eloquência e nitidez. E que o trabalho visto aqui seja indicativo de seus próximos passos enquanto projeto artístico e autores visuais. Enquanto isso, vale assistir no repeat e admirar a beleza poética deste vídeo feito com tanto esmero.

Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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