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DICA RTC #14: Bad Feels Club na CASA BRAVO (2021)

 

Esbanjando energia e autenticidade, o quarteto BAD FEELS CLUB realiza sua primeira apresentação gravada e mostra seu repertório de composições de maneira sucinta e categórica, deixando um excelente cartão de visitas no sexto episódio do programa CASA BRAVO. (IMAGENS: Camaleão Filmes)



Parte da nova safra de projetos musicais que têm dado as caras no Espírito Santo no início dos anos 2020, o Bad Feels Club é também um de seus exemplares mais distintivos: Com uma sonoridade Emo que traz ecos nítidos de Stoner, Garage e do Rock Alternativo dos anos 90, o quarteto rapidamente vem conquistando reconhecimento e público cativo no circuito local por conta de sua mistura de arrojo, potência e forte senso estético.


Tendo feito uma série de performances marcantes nas festas da antológica produtora Antimofo e veiculado um ótimo single (Wasted Lands, resenhado na primeira edição da série 5 SINGLES), o grupo agora se prepara para uma temporada de lançamentos, vindo a realizar sua primeira (e ótima) apresentação gravada como parte do programa CASA BRAVO.

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Encabeçando a sexta edição do programa musical realizado pelo BRAVO, o Bad Feels Club realizou uma apresentação que, contando com cinco faixas executadas ao longo de enxutos 25 minutos de duração, revela o panorama sonoro do grupo de maneira vigorosamente clara e envolvente. Iniciando de maneira contundente com a supracitada Wasted Lands (que aqui ganha uma introdução evocativa que cresce até culminar no explosivo riff de abertura) e disparando numa sequência de faixas homogeneamente eficazes em sua mistura de expressividade e crueza, esta performance imediatamente chama a atenção pela maneira com que consegue simultaneamente evocar a energia visceral e a carpintaria sonora de seus autores com nitidez, num bem-sucedido exercício de equilíbrio que cativa e empolga em medidas equivalentes.



Vale ressaltar que, como não poderia deixar de ser, esta dinâmica fluida e alternante só é possível diante da forte caracterização das composições aqui apresentadas: Seguindo a impiedosa faixa de abertura, a inquieta Cinnamon surge como um ótimo exercício de tensão e momentum, se desenvolvendo de maneira calculada até entrar num embalo que é pontualmente interrompido de maneira sóbria e bem-acertada. E é interessante notar como que este frenesi contrasta diretamente com o caráter compassado e contemplativo da melancólica Little Seagull, a qual surge como uma balada agridoce que caminha pacientemente até alcançar sua catarse altamente emotiva.



E se um senso patente de sentimentalismo é um dos traços identitários cabais do Bad Feels Club (afinal, é só pensar no nome), nenhuma de suas composições registra isto de maneira tão holística quanto a tocante As We Flow, que parece comportar toda a mistura de visceralidade e doçura que norteia a banda com precisão e sensibilidade, rendendo o melhor momento da apresentação. Por final, o senso de descontração espasmódico do BFC também é devidamente pontuado na pulsante faixa de encerramento da apresentação, a dançante Bloody Sucker Blues (a qual é repleta de easter eggs musicais, num movimento bem divertido).


 

 

Trazendo um grupo bem-integrado e confortável, mesmo diante das condições intimidadoras duma estreia, esta apresentação também deixa claras as potencialidades dos membros da Bad Feels Club tanto individualmente quanto aplicadas ao contexto da sonoridade em questão: Enquanto o baixista Vinicius Carvalho e o baterista Laio Masruha criam uma cozinha sólida e dotada de pressão, mesmo diante dum contexto de comedimento, o guitarrista Guilherme Cavassa preenche o som de maneira cirúrgica com suas linhas criativas e super expressivas, assim como escolhas tímbricas marcantes. No entanto, é fato que a figura central deste show é mesmo Enzo Salviato, que realiza uma performance magnética marcada por um senso de entrega e autenticidade singulares.



Beneficiada imensamente pela direção dinâmica e elegante da inigualável Melina Furlan, pela iluminação do mago Júlio Sunderhaus e pela engenharia de som do fantástico Gabriel Bebici (Chorou Bebel), esta apresentação também se mostra um registro tecnicamente admirável e plasticamente impressionante, fazendo um uso inteligente do cenário em questão para criar um mood que se mostra simultaneamente intimista e grandioso, sendo acompanhado pela ótima qualidade da captação de som.



Acompanhada por uma extensa entrevista da banda junto do inexplicável Léo Norbim (cujo senso de humor merece uma matéria por si só), esta apresentação figura não apenas como um dos melhores exemplares do programa correlato até então, como cumpre irrefutavelmente bem seu propósito de identificar o trabalho de seus autores para o mundo. E diante da qualidade vista aqui, vale aguardar seus próximos passos com muita atenção. Até lá, assistamos no repeat.

Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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