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5 SINGLES #5

 

A série 5 SINGLES é uma forma de apresentar ao público algumas faixas lançadas que foram considerados dignas de nota pela edição do Road To Cydonia.

Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão das composições de grupos e artistas de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à quinta edição:

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CEGO (Rodrigo Novo, 2020)

A ideia filosofica da Consciência sempre foi um conceito caro à Música enquanto forma de Arte. Se equiparando em ressonância e impacto às composições focadas em expressões emocionais, as reflexões sobre a subjetividade humana sempre se revelam bem-vindas e, nos melhores casos, tocantes pela forma com que erguem espelhos para o ouvinte e miram no que nos torna fundamentalmente humanos. E é isto que ocorre com esta Cego, do cantor e compositor Rodrigo Novo.

Single inaugural do vindouro Sítio, este lançamento emprega uma levada compassada de ares vintage para realizar uma cativante ode à transitoriedade da mente e do espírito humano com carisma e leveza (kudos para a produção de Henrique Paoli). Acompanhado por uma animação realizada por Gabriel Roemer que traduz imageticamente a fluidez imaginativa sugerida na letra, Cego é um trabalho que não apenas frisa o apuro do trabalho de seu autor como reitera a noção de que é possível criar baladas contagiantes e profundas num mesmo pacote.



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CONTRASTE (Érika Nasser & VITU, 2020)

Após marcarem este ano nefasto com faixas que abordam as mazelas oriundas dum distanciamento compulsório dentro de seus respectivos projetos-solo, os cantores e compositores Érika Nasser e VITU agora unem forças num dueto que não apenas combina e reitera suas potencialidades e sensibilidades individuais como dialoga com seus universos simbólicos particulares de maneira sublime no recém-lançado Contraste.


Realizado na estética minimalista esperada de ambos, este single imediatamente chama a atenção pela forte consonância existente entre as personas artísticas de seus autores que, admitidamente introspectivas e sensíveis, empregam uma letra belíssima e suas vozes irresistivelmente suaves para criar uma canção sobre empatia e conexão com parcimônia e honestidade. Trazendo ainda a participação da sempre fantástica Thayza Pizzolato e servindo como uma continuação sonora e temática de Deixa Sossegar e Camburi com naturalidade, Contraste é um trabalho de humanidade e doçura inequívocas que não apenas serve como mais uma prova do talento da dupla como dá continuidade aos seus trabalhos com classe e faz jus ao próprio nome de maneira admirável. Lindíssima.



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SEJA FELIZ (Léo Norbim, 2020)

Single que prenuncia a chegada do EP Inverno e oficialmente inaugura uma nova fase na carreira do cantor, compositor e multi-instrumentista Léo Norbim, este Seja Feliz serve, ao mesmo tempo, como um convite e um mapa do trabalho de seu autor, o qual emprega uma estética popesca e discreta para realizar canções instigantemente incisivas num movimento semelhante a um "Cavalo de Tróia sonoro". Realizado no BRAVO Lab, o single soa como uma "anti-balada" pela forma com que emprega a interpretação emotiva de Norbim e o arranjo enxuto para realizar uma profunda reflexão que, na falta de termos melhores, pode ser definida como uma "apologia da sobriedade espiritual."

Trazendo a reboque um clipe dirigido por Yuri Barichivich e produzido pela On Filmes que emprega ostensivamente efeitos visuais para ilustrar a carga de introspecção e contemplação pregada pela letra, Seja Feliz é um single indubitavelmente instigante que dá o tom do que podemos esperar do compacto e atrai pela forma inusitada com que estimula um auto-exame por parte do ouvinte. Vale a pena ouvir e refletir.



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O DIA SEGUINTE (À DO ITAMAR) (Rodrigo Alarcón & Ana Müller, 2020)

Concebido como uma homenagem a Itamar Assumpção, o single mais recente de Rodrigo Alarcón partiu da ideia de criar uma continuação da magnífica Fim de Festa para contar a manhã seguinte aos eventos narrados naquela faixa. Abraçando tal desafio com dedicação insuspeita e se aliando à sua irmã astral, a magnífica Ana Müller, Alarcón foi categoricamente bem-sucedido ao entregar uma faixa que não apenas honra a memória de seu homenageado, mas se sustenta como um eloquente relato duma despedida resignada.

Adotando uma abordagem comedida que investe num crescendo compassado e gradativamente mais intenso, a faixa tem seus trunfos na letra fantasticamente ilustrativa e nas interpretações precisas de Alarcón e Müller, os quais sugerem volumes de conturbação emocional por meio de variações graduais em suas entonações e emissões. Contando ainda com um clipe animado altamente evocativo realizado pelo cantor ao lado de Luiz Bellini e Pedro Brum (e que evoca fortemente o Asterios Polyp de David Mazzucchelli, diga-se de passagem), O Dia Seguinte (à do Itamar) é um trabalho de amor feito com esmero que merece ser apreciado repetidamente.



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MANDIGUÊ (Chorou Bebel, 2020)

Como citado anteriormente no site, a perda amorosa é um dos temas mais recorrentes no mundo da Arte, servindo como um dos maiores combustíveis para a expressão artística e foco de incontáveis obras nas mais distintas formas possíveis. No entanto, se composições que conseguem ilustrar com honestidade e fidelidade a desolação trazida por tal experiência ainda se revelam dignas de nota, exemplares que conseguem rumar justamente na direção oposta e dialogar com o estado de Graça da experiência afetiva em meio a um processo de luto saltam à percepção quase que imediatamente. E esta introdução talvez seja o mais próximo que este que vos escreve possa chegar de conseguir ilustrar o baque tomado depois de ouvir Mandiguê, o surpreendente segundo single do Chorou Bebel.

Iniciando de forma contundente com uma linha brutalmente sofrida (Nada que falam bate no meu peito como bate essa saudade d'ocê), Mandiguê parte dum lugar profundamente angustiante para, gradativamente, se desenvolver num processo de cooptação e reavaliação duma perspectiva para uma visão mais compreensiva que reflete sobre os aleijões existentes ao mesmo passo em que demonstra resiliência até atingir uma catarse em seu refrão edificante. E é interessante notar como que a contraposição entre a vozes de Raiany de Martin e Guilherme Bozi somada ao arranjo esparso define uma gama de nuances que torna a canção ainda mais contundente.

Amparado por um clipe dirigido por Diego Luis e produzido pela Milindro Filmes que registra com perfeição o espírito da faixa e a mistura de melancolia e esperança nela contida, Mandiguê é um registro elegantérrimo em sua simplicidade e expressividade que indica um caminho promissor para seus autores. E o fato de ser altamente viciante serve quase como um bônus em meio aos seus méritos, tornando-o uma indicação obrigatória.



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Guilherme Guio
Guilherme Guio
Publicitário por formação, especialista em Comunicação Corporativa e Inteligência de Mercado, é o editor e redator principal do RTC. Atuando como consultor de Marketing Cultural, resolveu dar vazão aos seus arroubos verborrágicos através deste projeto. Também é tabagista compulsivo, cinéfilo inveterado, adepto de audiófilo e dançarino amador vergonhoso nas horas vagas.

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