Misturando estilos e sonoridades, a lista tem como intuito a difusão de tais grupos de forma econômica e direta, assim como incentivar a troca de informações sobre talentos que têm dado as caras nos últimos tempos. Sem mais delongas, vamos à décima terceira edição:
Misturando Shoegaze e Indie Rock sem firulas, o Kid Foguete pertence ao grupo de bandas que se destina a fazer um som de qualidade sem tentar reinventar a roda, se mostrando consistentemente chamativo no processo. Com uma sonoridade precisa em sua combinação de timbres de guitarra, tempos mensurados e arranjos bem-traçados, o quinteto paulistano consegue criar um trabalho energético e bem-acabado que se encontra devidamente registrado em três compactos eficientes (A Brief Study on How to Fail Completely Vol.1, Asteroids e Pure Places).
Remetendo a uma sonoridade noventista (ou Dirty Pop) na mesma medida em que se revela atual, o Kid Foguete é uma pedida imprescindível para quem sente falta de um bom rock alternativo. Vale a recomendação.
Auto-intitulado como um projeto de “noise-canção”, o Cabezas Flutuantes é um daqueles grupos cujo trabalho pode ser facilmente assimilado pela mistura de leveza e positividade que traz, mas que surpreende a cada nova audição por conta de nuances que denotam uma inteligência aguçada.
Liderado por Carou Araújo e composto por uma “banda flutuante” formada por músicos das mais distintas origens e formações, o projeto tem seu diferencial na forma com que concilia simplicidade e inventividade para criar um acervo de canções que, diretas e charmosas, se desvencilham de nomenclaturas ao mesmo passo em que trazem experimentações pontuais e destituídas de excessos. Com dois discos no currículo (Registro e Experimental Macumba), o projeto é uma ótima pedida para quem busca um som contagiante que conquista pelo caráter despretensioso e pela vibe boa que passa ao ouvinte.
Exemplar da cada vez mais rara classe de projetos que conquistam o ouvinte com uma mistura bem-acertada de simplicidade, sensibilidade e discrição, Benjamin é um achado. Trazendo um folk enxuto, minimalista e destituído dos arroubos pretensiosos tão vistos em outros exemplares do gênero, o trabalho solo do músico baiano Diego Oliveira se ancora na voz expressiva, nas letras e no potente violão deste para passar uma carga emocional considerável que reverbera mesmo após múltiplas audições.
Com um disco no currículo (o excelente Last) e um senso claro de identidade, o projeto merece ser reconhecido por sua declaração categórica de que não são necessários grandes invencionices e floreios para fazer um som de qualidade e honestidade inequívocas. Recomendado para aqueles que desejam um som que acerta right in the feels.
Fruto de uma mistura bem amarrada entre Rock Progressivo, pinceladas de Emo e uma boa dose de caos ordenado, o sexteto Jennifer Lo Fi é uma daquelas bandas estranhamente magnéticas que atraem e te fazem repetir a dose por conta do equilíbrio entre elegância e dissonância que promovem, representando um dos melhores exemplares do Math Rock existentes no país.
Ativo na transição dos anos 2000 para 2010, o grupo paulistano é dono de uma sonoridade bipolar marcada por fortes ecos de grupos como At The Drive-In e The Fall of Troy, conciliando harmonias esquizofrênicas, linhas de guitarra espasmódicas, mudanças inusitadas na dinâmica e o vocal marcante de Sabine Holler. Com quatro ótimos compactos (J-Lo Fi, Summer Session, Noia e Parto) e um disco ao vivo no currículo, a Jennifer Lo-Fi é uma pérola do Post-Rock existente na cena independente que deve ser revisitada e estudada em iguais medidas. Recomendada para todos aqueles que insistem em afirmar que o brasileiro não ousa na hora de fazer música.
Nome integralmente importante para o surgimento e história do RTC, o Solana é o tipo de grupo que tem sua maior força na potência e visceralidade que emanam através de seu rock idiossincrático e dotado duma sensibilidade altamente particular. Formado em 2002 na cidade (quase) perdida de Vitória, o quarteto teve sua extensa história marcada por turnês nacionais (e shows internacionais), mudanças na formação e o lançamento de três discos substancialemente distintos (o popesco Quanto Mais Pressa Mais Devagar, o intenso Feliz Feliz e o caleidoscópico Veneza) que mostram a vastidão de seu escopo sonoro e lhe configuram como um dos grupos capixabas mais emblemáticos dos anos 2000 por meio de sua formação clássica (composta por Juliano Gauche, Rodolfo Simor, Murilo Abreu e Bento Abreu).
Munidos de letras minimalistas e poéticas que evocam uma imensidão de sentimentos e composições que impressionam pela diversidade e pelo apuro (assim como pela miríade de influências), o grupo (que está em hiato desde 2013) tem seu testamento em sua habilidade para imergir o ouvinte e desenvolver narrativas sonoras herméticas, figurando como um dos grupos de sonoridade mais coesas a cruzar estas listas. Não temendo desafiar o ouvinte em vários momentos, e surpreende-lo sem reservas em tantos outros, Solana é uma banda que pode não agradar a todos, mas oferece grandes recompensas para aqueles que se dispõem a escuta-la sem reservas. Vale a pena conferir.