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Resenha: SYZYGY EP (Thaysa Pizzolato, 2025)

Em seu segundo compacto, a instrumentista e produtora musical THAYSA PIZZOLATO dá um passo à frente no desenvolvimento de sua sonoridade e na consolidação de seu trabalho autoral, explorando novas nuances da sua linguagem particular de maneira altamente desenvolta e energética com este SYZYGY. (CAPA: JÉSSICA LOBO) 

Figura recorrentemente citada nas publicações deste site (direta ou indiretamente), a instrumentista e produtora musical Thaysa Pizzolato vem se consolidando como uma das profissionais mais discretas e requisitadas do universo que habita. Tendo iniciado sua carreira como integrante da ótima Auri e musicista de apoio para uma gama ampla de projetos (como André PrandoLera, VITU, entre tantos outros), Pizzolato veio, enfim, a fundar seu projeto solo com o lançamento do EP Low Hype Machine (2020) durante a pandemia. Agora, cinco anos depois, Pizzolato retorna com este SYZYGY, compacto que não apenas reforça sua voz criativa, como expande seu universo sonoro com maturidade e segurança.

Novamente produzido pela própria Thaysa e gravado no Estúdio Funky Pirata, este novo compacto prontamente cumpre a função dupla de servir como uma evolução de seu predecessor e registrar novas camadas da sonoridade de sua autora de maneira inequívoca. Composto por cinco faixas que cruzam 16 minutos de duração, este SYZYGY retoma a estética synthwave, a densidade e o senso de urgência de Low Hype Machine ao mesmo tempo que traz uma pegada mais dinâmica e elaborada, substituindo o caráter cerebral de LHM por um espírito mais despojado e dançante.

Empregando uma verve que se manifesta desde a faixa-título – a qual inicia a audição do compacto remetendo fortemente à energia pulsante do Daft Punk da fase Human After All (especialmente Robot Rock) – este EP costura uma série de passagens que se mostram substancialmente distintas em clima e forma, evocando nomes como Ellen Allien, Laurie Anderson e Nancy Whang no processo. Das viradas imprevisíveis de Shadows, passando pela onda lisérgica de Jupiter e pelo motorik suingado de No Joke até culminar no transe sombrio de Echoes (a melhor do registro), SYZYGY é um trabalho de contrastes agudos, pontuando cada faixa com um mood muito específico que difere de maneira impactante do anterior, resultando num EP de aspecto caleidoscópico quando visto como um todo.

FOTO: VIKKI DESSAUNE

Concebido como um registro colaborativo, este compacto é imensamente beneficiado pela presença de um grupo de colaboradoras recorrentes que participam alternadamente das faixas aqui presentes (salvo a faixa-título) com parcimônia e presença impressionantes. Enquanto a guitarrista Mariana Gruvira marca Jupiter com linhas elegantemente texturizadas e a violinista Heviny Moura (Aurora Gordon, Lera, VITU) confere um ar etéreo e melancólico a Echoes, as bateristas Maressa Machado (Aurora Gordon, Joana Bentes, VITU) e Natália Arrivabene (André Prando, Giulia Be, Silvero Pereira) empregam suas pegadas características para fixar os grooves de, respectivamente, Shadows e No Joke na mente do ouvinte. O resultado final é um trabalho que, artística e simbolicamente representativo, não apenas evidencia as vastas habilidades individuais e o entrosamento das partes envolvidas, como também computa de maneira clara os volumes de apuro e afeto conferidos a cada faixa produzida a partir dessa perspectiva intimista.

Repetindo o feito de se mostrar altamente acessível e nunca enfadonho, mesmo em meio a linhas circulares carregadas, SYZYGY é um trabalho abrangente e incisivo que reconfigura o senso de espacialidade de sua autora e indica com nitidez e leveza a direção de sua sonoridade no presente momento. No mais, é uma ótima indicação para aqueles que desejam curtir um som viajandão para ouvir no repeat até a próxima sizígia rolar.

13 de outubro de 2025

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